sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Um assunto problemático...

"Eu tomei remédio para emagrecer durante dez anos. Eu tomava para os filmes e não tomava para a vida. E isso foi enlouquecendo a minha cabeça, tinha insônia, depressão, um caos todo'', disse. ''Quando você toma remédio, parece que até uma sopa te engorda. O negócio é a cabeça'' - Selton Mello

Acabei de vir do Blog da Ana Xereta e lá tinha um post sobre remédios.
O seu post me fez lembrar um assunto que fazia tempo que não tocava. Remédios para emagrecer.
Quem não queria uma pílula que tirasse a fome, secasse a barriga, destruísse a ansiedade e não tivesse absolutamente nenhuma contra-indicação? Eu queria com certeza.
Porém gatinhas, não é assim que funciona
Quando eu tinha 15 anos, tive 3 amigas com anorexia e 2 com bulimia, não vêm ao caso contar os problemas que elas enfrentaram, mas vale dizer que elas não conquistaram o corpo que sonharam e tiveram uma batalha muito cruel para vencer. Em fim, a moda era NÃO COMER. Não coma nada. Agente tinha até uma brincadeira: dizíamos que a dieta era lamber uma alface de manha e cheirar um tomate à noite, e para mastigar, só gelo.

Hoje, esse assunto ainda gera muita discussão, e o problema ainda existe. Mas agora a moda é outra, é tomar remédio.

Gente, remédio não é brinquedo. Você toma só quando PRECISA. Aliás, quando o médico acha que você precisa.

Tem certos médicos que prescrevem esses comprimidos como se fosse bala, não caia nessa. Primeiramente os redutores de apetite são indicados APENAS para Obesos Mórbidos. Segundo que você tem que fazer um monte de exame antes e não pode ter caso de depressão na família. Se o médico te indicar esses remédios sem te perguntar ou pedir nenhum exame, caia fora!

Eu caí na besteira de tomar esses remédios, era o tal do Mazindol e FenPreporex. Eu emagreci realmente, 7 quilos em menos de um mês. Não conseguia comer, dava uma secura na boca e um nó na garganta, que pra comer tinha que empurrar com água. Me deu muita "energia", ficava ligada o dia todo. Mas, como nenhum conto de fadas é real, ele começou a me dar uns efeitos nada agradáveis.

Tinha calafrios o tempo todo. Suava frio absurdamente. Sentia arrepios doloridos de 10 em 10 minutos. Comecei a não dormir, limpava meu quarto, ia pra balada e depois pro trabalho e nada do sono vir. Quando dava 6 da manha dormia até as 8 e já pulava da cama. Comecei a ter pesadelos. Sentia umas "paradas", escutava e enxergava, mas meu corpo não se mexia. Comecei a ter medo de dormir. Sem descanso, fui ficando irritada até o ponto de me tornar intratável.

Me excluí de todos, quebrava as coisas no meu quarto. Comecei a me cortar e me arranhar quando vinham aquelas ondas de ódio. O pior era que eu não relacionava meu comportamento bizarro com o uso da anfetamina.

Passei a enfrentar fases de depressão. Tudo era cinza, minha família me odiava, minhas amigas eram falsas... estava tudo errado para mim!

Parei de dormir! Cochilava algumas vezes durante o dia... Tive que começar a tomar Diazepam (o famoso Valium) para conseguir dormir, mas mesmo assim as paradas continuaram e aumentaram.

Tive "visões", escutava vozes e cheguei a pensar que estava sendo assombrada! Por fim decidi que meu problema era um tumor no cérebro. Marquei um neurologista. Nesta altura ninguém mais conversava comigo e eu já pensava em suicídio o tempo todo. Eu sentia uma coisa errada, mas não sabia o que era.

Foi então que meu pai uma noite chegou chorando no meu quarto. Junto com ele veio a minha mãe e meu irmão. Ele me disse que estava acontecendo alguma coisa comigo e eu não era mais eu. Ninguém me reconhecia. Ele implorou para que eu procurasse um psicólogo. Minha mãe deixava recadinhos no meu espelho de motivação, mas nem isso me tirava daquele limbo.

Quando procurei o psicólogo ele me avisou que estava tendo um surto psicótico, me prescreveu antidepressivos fortíssimos e disse ate que eu poderia ser internada, já era um risco à minha própria segurança. Depois de quase uma hora de conversa, me lembrei que tomava medicação. Perguntei se os antidepressivos podiam ter reação se usado com outro remédio. Ele me perguntou "qual remédio você toma" e quando eu disse ele simplesmente rasgou minhas novas receitas.

Ele me disse que esse remédio, e a maioria do segmento, só podem ser usados por obesos e com acompanhamento médico e psiquiátrico. Disse até que podia tirar a licença de quem me prescreveu.

Depois que parei de tomar, engordei 10 kg, mas meus problemas sumiram em menos de 2 semanas.
Pensem bem se o crime compensa.
Emagrecer deve ser uma atitude saudável e para conquistar, não só o corpão, mas qualidade de vida.
Fica aí o depoimento de Selton Mello, que tomou esses remédios para emagrecer para um papel.

Beijos a todas.

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